segunda-feira, janeiro 09, 2006
[0.016/2006] O 23 de Janeiro já começou
Um bom amigo e camarada, com quem tenho trocado algumas palavras sobre a actual situação da esquerda democrática portuguesa, tendo em consideração a eleição presidencial de 22 de Janeiro, aludiu, e bem, a uma possível lafontenização no PS (Lafontaine, recorde-se, foi Presidente do SPD e nas últimas legislativas alemãs formou um partido, à esquerda do espectro político, concorrendo, sobretudo, contra o SPD). Ao mesmo tempo que temos bem assente, no nosso diálogo, que há um possível risco do PS português ficar como o francês. Isto é, encalhado em umbiguismos e sem resposta para os desafios com que a sociedade se confronta no século XXI. E não são poucas. (Quase nenhuma foi debatida - em Portugal e em França). Penso que o PS não vai cair na lafontenização, se bem que, não oculto, possa haver pretensão de algumas pessoas penduradas em determinada candidatura de alcançar essa divisão. E outras, muito poucas, por seu turno, procurem forçar esse caminho. Há quem diga, depois de ler as primeiras palavras deste texto, o tipo - eu - já deu por encerrada a eleição presidencial. Pois não estará muito longe disso. Sinceramente, tenho muito poucas esperanças, para não dizer nenhumas, de que a eleição venha a ser ganha por um candidato da esquerda. Porém, e aqui sublinho o porém, Roma e Pavia não se fizeram num dia, e no dia 22 de Janeiro, à noite, o mundo não acaba. Apenas se abre um novo capítulo. Quem pensar, depois de contados todos os votos, que a tentativa de tirar uma desforra no campo da esquerda democrática se deve assumir, engana-se. O assunto presidencial finda no dia da eleição. Mas não, obviamente, a reflexão, que se quer construtiva. Da forma como correu todo o processo. Quem quiser ficar agarrado ao passado, na tentativa de ajustar contas de um pretérito que não dá respostas ao futuro, que fique. Mas, pelo menos, aprenda a lição germânica. De pouco valeu a lafontenização. Para esquerda folclórica, já chegam as que temos. A esquerda democrática portuguesa tem de continuar a ser responsável, como sempre foi nos momentos decisivos. O dia 23 de Janeiro já começou. A democracia não pára no dia das eleições. CMC
6:53:00 da tarde
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