terça-feira, janeiro 17, 2006
 [0.040/2006]
A jogo duplo da Rússia
Estas notícias que se lêem, sobre a posição da Rússia face ao Irão, são estranhas. Faz-se passar, no Ocidente, o discurso que os russos empregam quando falam com o Ocidente e raramente se vêem, no Ocidente, as posições dos russos com os, no caso, iranianos, a quem há dias asseguraram a venda de mais material militar, mesmo depois da subida de tom entre Estados ocidentais e Irão.
Talvez devêssemos, de vez em quando, olhar para o símbolo russo e notar que a águia é bicéfala. Tanto mira o Ocidente como o Oriente.
A Rússia, pós URSS, rastejou, penou, quase pedinchou, mas mesmo muito mal, a Rússia nunca deixou, deixa, de ser uma potência mundial.
A década de 90 serviu para a estrutura russa mudar. Incentivos vindos da Alemenha, milhões e milhões de marcos, primeiro, milhões e milhões de euros, depois, ajudaram a recuperar uma economia que estava em estado comatoso.
A Rússia, do czar Vladimir, está distante de atingir o patamar imperial, mas caminha para lá.
Soube estabelecer pontos com o Ocidente e segurou-os. Paris e Berlim foram pontos estratégicos e sólidos, em especial num momento de confronto latente com Washington, devido ao Iraque. E, se no lado Ocidente, o trio Vladimir/Jacques/Gerhard estava consolidado, o czar Vladimir, após a conquista do segundo mandato presidencial, alargou o seu raio de intervenção à Ásia Central e ao extremo-oriente.
Em suma, dos dados da actualidade, desta luta entre Ocidente e Irão, os russos estão a ser extremamente hábeis e jogam nos dois tabuleiros. Ao Ocidente acena que sim, com as preocupações manifestadas pelo oeste. Aos persas pisca o olho, e confirma a continuação dos negócios.
A Rússia imperial reconstrói-se. Pela dimensão inata que possui e pelos receios dos vizinhos que a circundam e encontram no Estado eslavo um ponto de equilíbrio entre os dois lados da balança.
E, quanto aos negócios, não esquecer: se o Irão começar a fechar a torneira, isto é, aumentar o preço do petróleo e do gás, que outro país, que não a Rússia, para fornecer estes produtos tão indispensáveis?
A KGB foi uma grande escola.
CMC
1:20:00 da tarde 
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