segunda-feira, janeiro 23, 2006
[0.064/2006] Interpretar o tempo que corre
Nos próximos três anos Portugal, em princípio, não terá nenhuma eleição. O momento é mais do que adequado para os partidos políticos mudarem tranquilamente. De ideias, de projectos e, também, de intérpretes. A esquerda, em especial a democrática e responsável, tem neste período o momento ideal para encontrar uma linha de rumo, um projecto dinâmico para Portugal. É óbvio que não é fácil. Pelo contrário. Ainda por cima, num momento em que exerce funções governativas. Porém, ontem, as referências da esquerda democrática intervieram, em princípio, pela última vez. Os dois candidatos, divergentes no boletim, convergentes na doutrina, bastiões dos valores modernos da esquerda democrática, terminaram de uma forma que não foi de todo a mais afortunada. Mas como grandes democratas, souberam respeitar o veredicto dos cidadãos e, independentemente dos números, continuam a ser referências da esquerda democrática. Ontem, hoje e, certamente, amanhã. Os tempos mudaram. Dos valores do tempo moderno passou-se para o pós-moderno. Que se impuseram na sociedade portuguesa na segunda metade da década de 80 do passado século e brotaram na de 90. Todavia, a esquerda democrática não se adaptou de todo não aos valores pós-modernistas. Não no sentido de os incorporar, não necessitava, muito menos precisava de os assumir, mas carecia de saber lidar com eles, pois o ritmo da sociedade é forte e precisa de ser entendido, para que o exercício do poder não se desfaça da realidade. Apesar de entre os anos de 1995 e 2000 tenha havido alguma interpretação, eles não se afinaram de todo, pois os valores de muitos intérpretes de então ainda eram assumidos pela esquerda democrática moderna, dos idos de 70 e 80. O 11 de Setembro acaba com o pós-modernismo e entrámos, e estamos presentemente, num momento de definições. De enquadramento com esta nova e incerta época. Que tanto promove a divisão e pouco a inclusão, a nível nacional e internacional. É preciso entender e interpretar os novos tempos. Que já não podem ser lidos como foram há 10 ou 20 anos. As realidades são bastante diferentes. Se o socialismo democrático não souber dar respostas às exigências que o tempo, através das pessoas, faz, a oposição é o seu lugar. O socialismo democrático sempre avaliou e encarou os desafios. É preciso que esta lide seja ganha, pela sociedade de inclusão. CMC
6:48:00 da tarde
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