domingo, fevereiro 26, 2006
[0.236/2006] O crime de alguns jovens no Porto
Encontraram há dias, no Porto, no fundo de um poço com 10 metros, um cadáver. Soube-se que um grupo de jovens, internados numa instituição particular de solidariedade, tinha estado ligado ao estado putrefacto do cadáver. Segundo se noticia, alguns jovens mataram sem terem tido noção do acto que perpetraram (?). Do cadáver, começou por ser apresentado como sem abrigo, depois, foram dadas outras identidades ao morto. Além da abordagem jornalística, e alguns blogues estão a esmiuçar bem a apresentação das notícias, já que algumas notícias estão a explorar preconceitos, procurando, conscientemente ou não, atenuar o homicídio, não vou por este caminho. Sigo por outra via. Agrupando uma série de casos dispersos que, ao fim e ao cabo, todos eles têm a ver com o sucedido no Porto. Há tempos comecei a ler este livro e fiquei um pouco perplexo com a interpretação dada à diminuição da criminalidade nos Estados Unidos na década de 90. A leitura económica pegou na introdução da interrupção voluntária da gravidez na década de 70 e fez as contas. Famílias com antecedentes criminais, e não tendo condições para criar filhos, tendo o aborto como opção, recorreram a ele para não suportar filhos. Assim, duas décadas depois, diminuiu a taxa de jovens potencialmente criminosos, tendo em consideração os antecedentes familiares. Não aceitei de todo esta interpretação, mas também não a quis anular. (A veia hobbesiana também pulsa) Dias mais tarde, li um artigo a verberar a leitura do mundo assumida pelos economistas. Nem de propósito, surgiu como bálsamo (à minha veia mais rousseauniana) para tentar demolir a interpretação lida. Depois, dá-se este crime no Porto. Nada como retomar a dúvida e devolver credibilidade, em parte, à leitura economista apresentada na obra acima referida. No entanto, nesta matéria, nada como recorrer a Kubrick, que a abordou magistralmente em "A Laranja Mecânica". Que melhor integração na sociedade: aquela que reprime ou aquela que pretende sociabilizar? Tudo isto está interligado e, como sempre, as contas sociais não se resumem a meros cálculos para dar um resultado correcto, visto que é impossível atingir resultados perfeitos. A sociedade continua a ser o que sempre foi, uma toca de imperfeição e injustiça. Para todos? Para alguns? A dúvida suscitada pelo filme de Kubrick continua actual. No entanto, importa não esquecer: morreu um Ser Humano, independentemente do que era ou não. CMC
6:55:00 da tarde
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