terça-feira, março 28, 2006
[0.384/2006] A complexa realidade global
Caro JAM, Não se trata de uma cruzada pelo CPE. Trata-se de observar a realidade europeia e a francesa em particular, que, penso ser uma visão consensual, está em crise. Não sendo a CPE a melhor das leis, como já referi, é uma saída possível para o momento actual. Ou será que a elevada taxa de jovens desempregados, quase um terço, não é preocupante? Por outro lado, importa recordar o porquê do surgimento desta lei neste momento. O Primeiro-Ministro francês procura dar uma resposta aos graves tumultos sociais que afectaram a França em Novembro passado. Em França, como na generalidade dos países europeus, há problemas de emprego e, por consequência e inerência, de competitividade. A realidade do século XXI já não se rege pelas decisões do Estado-nação afectarem o próprio país. Há uma interdependência, cada vez maior, entre todos os países do globo. Mais uns do que outros, obviamente. Afecta muito mais a realidade económica e social da Europa o que se passa em países como o Bangladesh ou o Vietname do que o que acontece em Vanuato ou na Nova Guiné. Será que os manifestantes que descem hoje às ruas em França têm noção de que a vida de cada um, de todos nós, europeus, já não depende, apenas, do que o Estado nacional fizer, mas de uma competitividade global, bastante interdependente, e que nos afecta directa e indirectamente? Nunca, como hoje, os Estados europeus actuam, à escala nacional, condicionados por factores externos e exteriores ao seu raio de intervenção e que lhes deixam pouco espaço de manobra. O chefe do Governo francês, bem ou mal, está a dar uma resposta à realidade. As forças sindicais e parte dos estudantes não só não dão nenhuma resposta, como enfiam a cabeça na areia, pensando que a crise francesa se resolve atirando os problemas para debaixo do tapete. Infelizmente só há quem queira entender a realidade quando esta desaba sobre si. Em França, pelos vistos, são muitos. E quanto a emprego precário ou desemprego, meu caro JAM, espero que não tenha (pois sabe o que isso significa), muito menos venha, a experimentar a segunda. CMC
1:35:00 da tarde
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