segunda-feira, abril 03, 2006
[0.410/2006] Socialismo democrático e social-democracia A semântica no contexto doutrinário e partidário
O meu camarada, que se sente incomodado quando digo que sou social-democrata, ligou-me no final da semana passada para me dizer que não se sentia sem conforto quando eu afirmo que sou social-democrata. No entanto, o desconforto continuava do outro lado da linha, por isso insistiu e voltou a perguntar-me por que não digo que sou socialista democrático, em vez de dizer que sou social-democrata. Face ao quadro político-partidário português, para me fazer entender, assim devo dizer, confesso. Para me distinguir dos militantes e simpatizantes do PPD. E muitos socialistas (do PS) dizem e consideram-se socialistas democráticos. Nada de errado, no enquadramento da conversa político-partidária. Também digo, a amigos comunistas, que me dizem que são socialistas. Eles podem ser socialistas, mas eu sou socialista democrático. Todavia, quando digo a camaradas de partido que sou social-democrata emprego o argumento em termos doutrinários, pois há diferenças entre socialismo democrático e social-democracia. Em política, como em quase tudo, as palavras não são ocas e têm sentido e cunho próprio, quando empregues em determinado contexto. Por exemplo, socialista democrático também era este senhor. Pelo menos considerava-se como tal. O termo social-democracia representa isso mesmo, o socialismo democrático. Mas as palavras, repito, valem e muito. Da mesma forma que um tirano comunista* se podia considerar socialista democrático, o mesmo nunca ousaria considerar-se social-democrata, porque sabia perfeitamente que a social-democracia, no campo da esquerda, representa o socialismo que aceita a democracia, isto é, a concorrência de outros partidos com outras identidades e ideologias distintas da sua e aceita-os e respeita-os. Mas não só. Para um social-democrata o Estado é importante, mas não é um assunto tabu, muito menos é sacrossanto. Para um social-democrata, o colectivismo da sociedade não é um paradigma, assim como não é o individualismo exacerbado. Para o meu camarada de partido, a minha doutrina, ou pelo menos como me identifico, será sempre um incómodo. Mas isso deve representar muito pouco, deduzo, quando comparada com a correcta postura política, em quase todos os campos, e doutrinária deste Governo, que é, marcadamente, uma política de esquerda, uma política social-democrata. CMC * O pai do comunismo soviético, no início do século XX militou num partido social-democrata, anos antes de Revolução de Outubro. Todavia, aquando da revolução de 1917, ele já não era militante de um partido social-democrático, tal não era a urticária doutrinária, mesmo com os mais ortodoxos dos sociais-democratas.
1:01:00 da manhã
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