quinta-feira, abril 27, 2006
[0.515/2006] Notícias da Capital
Hoje de manhã foi difícil chegar a horas. Parecia que todos os carros tinham desaguado nas vias de Lisboa como se não houvesse FDM. Há-de haver, por aí, muita gasolina a crédito. Serviu para ir ouvindo o RCP e uns cronistas engraçados que por lá debitam sobre generalidades e economia, para além do meu velho colega de carteira, Luís Norton de Matos, que fala das cousas da bola. Fiquei a saber que o nosso maioritário-absoluto PM iria à AR para apresentar as linhas-mestras da RSSS. Falaram disto e daquilo, da sustentabilidade da coisa que, se continua como está, colapsa em dois mil e troca o passo, de que serão beneficiados os que trabalharem além dos sessenta e cinco anos, de que já o HIATO * referiu a IS no seu discurso pós-liberal feito na AR apelando ao consenso para resolução deste tipo de questões, etc. Espanto, quando oiço. Recordo a leitura do Paradoxo de Abril, texto acertado do João Tunes, lido no dia anterior no AA, onde ele fala de servilismos vários. Blasfemo, quando penso nesta cambada de eleitos a mastigarem coisas que lhes não pertencem, coisas que geriram mal durante décadas, coisa de onde desviaram milhões dos propósitos a que se destinavam, coisas de onde pagaram (e pagam) ordenados e mordomias chorudas a apaniguados e que vêm agora, com a cara de pau de quem não tem responsabilidades, passar a factura a todos que, ao longo de uma vida de trabalho, sempre contribuíram com parte do seu ordenado para aforro da reforma. Dizia o tal comentador, de quem não fixei o nome, que a responsabilidade da tal falência se deve à alteração das premissas na concepção do sistema, isto é, à alteração da actual composição etária e ao crescimento do PIB abaixo dos 4%. Nem uma única referência à gestão danosa que foi feita durante todos estes anos, nem uma única explicação sobre como consegue a Banca ter lucros e os fundos que deveriam capitalizar os dinheiros da SS só terem prejuízos. E, no maldito engarrafamento desta manhã, perdido nestes pensamentos enquanto os alarves do costume passavam pela faixa de segurança e os mais espertos aproveitavam qualquer distracção para se encaixarem na fila ultrapassando os que já lá estavam, meditava na legião de pacóvios que somos, no rebanho paciente em que nos tornámos, no incompreensível sentir de um povo que acha bem que todas as Tias de Cascais que nunca trabalharam na vida, consigam ter uma reforma fraudulenta como se tivessem sido mulheres-a-dias e no ar ressabiado que apresentam tantos quando, finalmente apanhados na fuga ao fisco depois de décadas de se auto-apelidarem de "os mais inteligentes", têm a coragem de nos dizer que estão a ser roubados pelo Estado. LNT
Definições e abreviaturas: AA - Água Lisa AR - Casa da Democracia BM - Blogame Mucho FDM - Fim-do-mês HIATO * - Ele mesmo, o 0,6%. * Hiato é uma marca registada do Esguichador do BM, a quem aproveito para saudar IS - Inclusão Social PIB - Produto Interno Bruto PM - Sócras RCP - Rádio Clube Português RSSS - Reforma dos Sistemas de Segurança Social SS - Segurança Social
1:07:00 da tarde
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