sábado, maio 13, 2006
[0.581/2006] Lisboa continua sem brilho
Caro Luís, O hipotético sorriso do Calimero é o regozijo do actual edil de Lisboa. Podia ter assumido uma postura típica de pessoas que só opõem porque sim, porque não gostam e ponto final, sem qualquer tipo de argumento viável. Pelo contrário. Prefiro apresentar argumentos, que são, obviamente, susceptíveis de refutação. Li o livro para saber o que apresenta. Ou seria preferível falar de cor, sem eira nem beira?... A analogia com o arrastão, a evocação da Lei de Gersham, a referência, constante, à família, entre outros pontos expostos no livro, só merece lamento. Aliás, o próprio "Fórum Cidade" merece uma referência pouco abonatória. Dois anos de trabalho, que envolveu algumas centenas de pessoas, socialistas e independentes, parecem não ter representado nada para o candidato. Tivemos oportunidade, inúmeras vezes, de debater qual o melhor candidato do PS à Câmara de Lisboa. Ambos compartilhámos, antes de conhecido o candidato, o mesmo nome: Eduardo Ferro Rodrigues. Por se tratar de uma pessoa qualificada e íntegra. Que reuniria, certamente, o melhor do PS e o entusiasmo do partido em Lisboa. Mega Ferreira era outro nome que merecia entusiasmo. Porém, conhecido o nome do candidato do PS, e era o que ficava definitivamente, acabámos por assumir leituras diferentes. Um entusiasmado, outro nada satisfeito. O nome do PS à autarquia da capital não me despertava o mínimo entusiasmo, como disse na altura a vários camaradas. E como não despertou entusiasmo em mim, não despertou em muitos socialistas com quem conversei, que também não se reviram no cabeça de lista do PS à Câmara da capital. Mas era o candidato! Tive no CCB e assisti àquele vídeo inenarrável. Era óbvio, estava escarrapachado que aquele minuto com o filho seria a cereja no topo do bolo, não pela aparição, mas pelo diálogo (monólogo da mãe) entabulado. A partir daí foi a catadupa de episódios, em parte espoletados pelo candidato, que a Comunicação Social, como não podia deixar de ser, iria explorar.Qualquer político experiente sabia, sabe, isso. Até porque, nunca é por acaso que um político abre a porta de casa ao exterior. Não pode ser somente o lencinho vermelho na cabeça do ex-edil e chefe de Governo a ser alvo de motejo. O que esperaria quem também se soube utilizar da Comunicação Social para se promover? Ou alguém já se esqueceu do ar cândido/vítima com que o candidato derrotado aparecia após a apresentação da demissão do cargo de Primeiro-Ministo de António Guterres? A memória não deve ter intermitências. Sei que o principal adversário do PS era, e continua a patentear, a continuidade do anterior mandato. Um desastre. Um conjunto de trapalhadas que continuam a adiar Lisboa como qualquer pessoa constata ao circular pela cidade. Parque Mayer, Túnel do Marquês, Ambiente e Espaços Verdes, Trânsito, Acção Social, Reabilitação Urbana, entre tantas outras matérias, continuam a ser questões adiadas e que encravam o quotidiano de quem aqui vive e trabalha. Os lisboetas conheciam o que havia e, todavia, preferiram manter a aposta no cizentismo. Será que ninguém se questiona, nomeadamente o candidato, por que obteve o PS dos piores resultados de sempre para a Câmara Municipal de Lisboa em 9 de Outubro de 2005, quando na última década o PS, em Lisboa, teve sempre mais de 35% dos votos? (O PS teve pouco mais de 26%.) Não sei se o candidato do PS daria um bom Presidente, mas sei que como Vereador tem dado maus exemplos, como a ausência na votação ocorrida há menos de um mês, que poderia permitir a entrada no quadro de 1600 funcionários que se encontram em situação precária, é exemplo. Ambos sabemos que o PS tem uma forte impressão na cidade. Afinal, e atrevo-me a considerar, os melhores autarcas da capital foram dois socialistas, que governaram Lisboa entre 1989 e 2001. O PS tem grandes autarcas na cidade, desde logo vários, e bons, Presidentes de Junta de Freguesia. Importa valorizar o seu trabalho, pois sei que há, e conheço, bons exemplos. Infelizmente, quem continua a perder é Lisboa com esta liderança, desta feita sem o espalhafato do anterior mandato. Quanto ao livro, tem a virtude, desde logo, de apresentar uma visão de um candidato sobre uma eleição. Algo pouco comum no nosso mercado político literário. Fico à espera do livro que o Miguel Coelho vai publicar sobre o mesmo assunto. CMC
11:49:00 da tarde
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