quarta-feira, maio 24, 2006
[0.612/2006] Timor-Leste e a estória da História
Sou um fiel ouvinte da RCP entre o acordar e a chegada ao trabalho e no retorno a casa ao fim do dia. O despertador trata desse assunto bem como a chave da ignição do meu automóvel. Nesses meios tempos consumo o que me vão injectando: - Música da nostalgia, trânsito da agonia, bola do Luís Norton, notícias da bolsa, noticiários da hora e os comentários do Nuno Rogeiro. Já me safei das crónicas matinais do Luís Osório que agora, para bem de todos nós, se transformaram em conversas com os amigos ao final da tarde. Mas voltemos a Rogeiro que é o que me traz à escrita. Quis ele hoje acabar as suas crónicas com a expressão "responsabilidades históricas" referindo-se ao auxílio português na manutenção da ordem em Timor. É verdade que Portugal não deve esquecer os laços históricos com as ex-colónias. Afinal, sempre foram 500 anos de ocupação. Mas temos de começar a urgente terapêutica do complexo colonizador. O tempo de ocupação foi concluído e a libertação está concretizada. Todas as ex-colónias, exceptuando as da Índia e alguns enclaves, são países independentes e soberanos e o relacionamento bilateral prescinde do paternalismo português. Parece-me assim que, se a diplomacia portuguesa tem de jogar forte no apoio internacional para manutenção da democracia timorense, deverá igualmente reforçar os laços económicos que justifiquem, para além da boa-vontade, um compromisso contratual de vantagens para as partes, até porque daí resultará um relacionamento mais saudável e perene. Não quer isto dizer que se condicione a batalha diplomática aos interesses económicos mas não é lícito perder de vista as contrapartidas, principalmente quando se adivinha que uma das principais razões da instabilidade actual em Timor-Leste resulta exactamente das pressões que outros estão a desenvolver sobre a questão da exploração petrolífera. Não sou cínico para fazer depender uma coisa da outra, mas também não sou ingénuo ao ponto de permitir que os complexos das "responsabilidades históricas" sirvam para esquecer os interesses portugueses. Reconheço dois tempos para a acção. Um, o imediato, no sentido de conseguir o apoio internacional onde Portugal deverá participar com as forças militarizadas que possa disponibilizar, uma vez que é impensável agir isoladamente. O seguinte, que garanta parcerias preferenciais entre os dois Estados. LNT Leituras recomendadas: - Paulo Gorjão do Bloguítica (especialista em assuntos Timor-Leste); - Rui Cerdeira Branco do Adufe
9:33:00 da tarde
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (7)
|
|