sexta-feira, maio 26, 2006
[0.614/2006] A falta de respeito pela Sérvia
Em Bruxelas reside a sede de dois mundos (UE e NATO) que se complementam, mas, por vezes, o primeiro fraqueja perante orientações, e imposições de bastidores, da segundo. Isto vem a propósito do que sucede há alguns anos nos Balcãs, e que teve, no passado domingo, uma expressão significativa, com a independência do Montenegro. Se dúvidas restassem, hoje dissiparam-se, quanto às intenções de alguns militares norte-americanos para a região mais conturbada da Europa, quando leio num jornal que o antigo chefe das forças da NATO na Europa e que orientou a investida militar nos Balcãs no final da década de 90, declarou que depois da independência do Montenegro, o Kosovo, berço da identidade sérvia mas habitada maioritariamente por albaneses, se tornará, muito em breve, independente. A Sérvia continua a ser a Nação balcânica mais explorada depois do pós-II Guerra Mundial. Foi dominada, com mão de ferro, pelo Marechal comunista apreciado no Ocidente e odiado em Moscovo; foi explorada, no estertor da Jugoslávia, pelo déspota que recentemente faleceu em Haia e que procurava expandir o nacionalismo sérvio a toda a região; e é, hoje, alvo de cisão, pelo Ocidente. Tudo porquê? Pela ligação histórica à mãe eslava (Rússia). Os sérvios tendem ser apreciados, no mundo ocidental, por construção de algumas pessoas deste, e de modo bastante eficaz, como os maus da fita. Importa ter em conta a história sérvia e respeitar a sua identidade. O que o Ocidente está a levar a cabo, procurando tornar independente o Kosovo e Vojvodina, é um atentado ao respeito que a Sérvia merece enquanto país. A adesão do Montenegro à NATO e, claro está, à UE, como as duas organizações acenaram por causa do referendo do passado domingo, é uma chantagem baixa, merecedora de reprovação. Para todos os efeitos, a UE não deve querer transformar a Sérvia num Estado pária da Europa, pois por aquele Estado, como na maioria dos países da região, passou, e continua a passar, muito do equilíbrio, e desequilíbrio, europeu. O arquiduque Francisco Fernando é prova disso. CMC P.S.- Por necessidades profissionais, pessoais e técnicas tive de licença sabática do blogue. Como alguém já escreveu numa caixa de comentários, fruto de fontes mais-do-que-privilegiadas, a síndrome de que padece o responsável máximo do Palácio das Necessidades não é exclusiva do referido governante. O cansaço, por vezes, torna-se pesado. Como sempre, o TUGIR esteve em excelentes mãos, melhores, muita das vezes, que as que escrevem este texto.
12:04:00 da tarde
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