segunda-feira, junho 19, 2006
[0.722/2006] O fosso entre cidadania e partidocracia
O Rui, num comentário mais abaixo, assinala, e bem, a estranheza da actual democracia, devido ao facto das pessoas começarem a não participar em eleições, ou, no caso referido, num referendo. (O que é diferente de se interessar, pois pode haver interesse mas não vontade de participar.) Na Catalunha, onde o pulsar da identidade nacional é forte, e estava em causa mudanças substanciais para o futuro daquele território assim como de toda a Espanha, nem 50% de eleitores se deslocaram às urnas. Os partidos políticos devem começar a meditar mais neste aspecto. Do porquê de elevada abstenção. A cidadania tende a procurar o divórcio da partidocracia, e esta parece não estar a encontrar uma forma de anular a separação. Pelo contrário, a partidocracia quanto mais acentua a sua posição, mais a cidadania tende a distanciar-se dos partidos. Há algo que se tornou banal, e não devia, o acto de votar, como se ele não contasse. As pessoas e os partidos sentem isto. E quanto mais noção se tem, mais separadas as pessoas querem estar da vida política, não se querendo comprometer em legitimar políticos e políticas com as quais não se identificam nem querem identificar. Como se as propostas políticas não lhes dissessem o mínimo respeito. Há um espasmo político que se tem salientado nos últimos anos e precisa de ser invertido, antes que os princípios da Democracia percam o reconhecimento geral. É preciso um esforço por parte dos políticos e das pessoas (em extensões diferentes, que são complementares e interdependentes). Talvez o primeiro passo deva pertencer às formações políticas, desde logo no seu interior. No caso nacional, a imagem que os partidos transmitem hoje para fora das suas paredes de vidro resume-se a um mero confronto de facções internas, que não representam mais do que umbiguismos pessoais, sem quaisquer conteúdos programáticos e doutrinários. Apenas afinidades pessoais e interesses de poder, pelo poder. Acresce a isto, naturalmente, a pouca qualidade dos políticos, quando comparados, por exemplo, com os fundadores dos principais partidos portugueses. A consciência da cidadania não se identifica com esta partidocracia, que nem disfarça as suas debilidades internas. CMC
10:45:00 da tarde
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