sábado, julho 01, 2006
[0.769/2006] As melhoras, Professor
Lembro-me vagamente de estranhar que um Governo do Partido Socialista tenha escolhido um Democrata-Cristão para Ministro dos Negócios Estrangeiros. Na altura devo ter escrito qualquer coisa de discordante, não tanto por Freitas do Amaral, que já me habituara a ver defender posições mais esquerdistas do que outros membros deste Governo, mas por saber que as equipas de poder têm de ser coesas e Freitas, tal como o Ministro das Finanças de então, detinham personalidades demasiadamente marcadas. Nunca duvidei das capacidades de um ou de outro, reconhecendo-lhes toda a qualidade para desempenharem os cargos, mas sempre desconfiei que o conseguissem neste Governo. Parece que tinha razão. Embora as saídas se tenham processado por razões oficiais diferentes e Freitas tenha sido bem mais resistente, a incompatibilidade era evidente. Um Democrata-Cristão não é um Socialista e embora o Governo esteja recheado de não-socialistas este demarcava-se dos outros pela coerência. Freitas do Amaral não me surpreendeu nem sequer na estória dos cartoons porque a sua posição (que sempre considerei de bom senso, diga-se) foi consonante com a sua ideologia e princípios. Hoje, que abandonou o Governo, tenho pena por entender que era uma pedra importante na credibilização da política. Gostava especialmente da sua sobriedade e estilo em contrabalanço ao mediatismo e encenação da política espectáculo em voga. A isto acrescento que a saída do Ministro da Defesa para os Negócios Estrangeiros foi um erro de palmatória uma vez que estava a desempenhar um papel importantíssimo e com êxito nas Forças Armadas. Quer-me parecer que, com uma só machadada, conseguiram-se estragar várias casas.
LNT
2:45:00 da manhã
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