quarta-feira, julho 19, 2006
[0.844/2006] A fraqueza da CPLP
O Roteia alude à Cimeira da CPLP e toca num ponto importante, a relação de Portugal com as suas antigas colónias. Concordo com o exposto no Ultraperiférico. Trata-se de um problema estrutural lusitano e os traumas com as antigas colónias, que não são só do período da guerra do Ultramar, mas que com esta se agravaram, são remotos e continuam a manifestar-se. Se a descolonização africana difere, e muito, da perda do Brasil, Portugal, pela parte que lhe diz respeito, continua a sentir-se como uma antiga potência colonizadora esvaziada dos seus feitos. Não que estes tenham sido paradigmáticos - se é que há colonialismos exemplares, não há-, mas foi, com os defeitos e virtudes, a colonização portuguesa. As relações, por exemplo com o Brasil, só não são mais exóticas por os dois países se relacionarem na mesma língua. As pontes que ligam Portugal e Brasil e que deviam potenciar a língua portuguesa, património de todos os Estados-membros da CPLP, são exíguas. As relações, com os PALOP, diferem consoante o país. Mas, nota-se, as ligações continuam a fazer-se no sentido bilateral e não multilateral como seria desejável. Por outro lado, Portugal quer assumir o que não consegue e, de certo modo não pode, que é o papel de timoneiro na CPLP. Esse papel só pode ser desempenhado pelo Brasil, desde logo pelas dimensões demográficas e económicas e, provavelmente, a médio prazo, por Angola, caso esta se torne, como tudo indica, uma potência emergente. Portugal deve assumir um papel de pivot, que tanto importa e falta faz nas relações de abertura da Europa com a América do Sul e África, como vice-versa. Todavia, este papel tem vindo a ser desempenhado, e com benefício próprio, por outros países europeus. Espanha, como intermediário europeu com a América Latina e França com grande parte dos países africanos. Portugal continua a ter condições de relacionamento excepcional, tanto na América do Sul, com em África, a que se pode acrescentar o extremo Oriente, com a China à cabeça. Por enquanto, Portugal continua a desbaratar todo o capital acumulado, fruto dos séculos em que abriu novos mundos ao mundo. Quanto à CPLP, esta continuará a ser uma esfíngica organização no palco internacional, enquanto a ausência de empenho dos vários Estados-membros, em particular do Brasil, continuar a pautar-se por este ritmo, de encarar a lusofonia como uma questão marginal. CMC
1:06:00 da tarde
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