quinta-feira, agosto 24, 2006
[0.989/2006] Tempo de mudança
Caro Hugo, Concordo totalmente com o seu ponto de vista, quanto ao futuro do Labour, bem mais importante para os britânicos (e para os europeus) que o futuro pessoal de Blair. Gordon Brown pode sair chamuscado, caso Blair insista em permanecer no poder? Penso que sim. Mas Brown terá sempre um handicap, suceder a um líder que marcou o Reino Unido e, marcou, definitivamente, o Labour. Ao contrário do que muitos dizem, considero que Brown, um excelente governante, será um bom Primeiro-Ministro. Não será tão do meu agrado como Blair, cá está a política europeia (e a diferença de simpatia que os dois nutrem pela UE), mas será um bom rosto para Downing Street. E certamente provará que está à altura de comandar o Governo de Sua Majestade. Quanto ao resto, é a espuma e o comportamento dos interesseiros nos tempos finais de um longo reinado. Agora já se encontram defeitos em Blair, como se ele não os tivesse quando chegou ao poder. O Labour está sujeito a perder as eleições em 2009? Está. 12 anos no poder desgastam a imagem política. Tudo vai depender da forma como Brown liderar e, obviamente, como (e quando) Blair sair. Espero que o actual Primeiro-Ministro tenha o bom-senso de ter a noção de quando deve abandonar o poder. Julgo que dentro de um ano, se estiver em Downing Street, está a proceder mal e a prejudicar Brown. Já a questão do porquê do Reino Unido poder ser um alvo mais preferencial dos terroristas que a França, evidentemente que tem a ver com as posições políticas, mas não só. Há mais, muito mais e nem sempre se referem outros aspectos relevantes. Desde logo, e é constatável nos tempos hodiernos, Londres tem hoje um peso político, financeiro e económico superior ao de Paris. O objectivo é debilitar os mais fortes. Depois, não menos relevante, as questões histórica e colonial dos dois países e a relação que os dois desenvolveram, a priori e a posteriori (das independências), com os países árabes, de onde são oriundos alguns terroristas. A França está mais próxima e tem relações mais profundas com a maioria do poder político árabe do que o Reino Unido (veja-se o caso pessoal do Presidente sírio, que poderia servir de ponte de diálogo entre o Reino Unido e a Síria e outros Estados árabes). Por outro lado, a idiossincrasia de cada sociedade nacional difere. O laicismo francês tem virtudes que o multiculturalismo britânico não tem, e vice-versa. Finalmente, a comparação que faz entre Blair e o ex-Primeiro-Ministro espanhol, penso ser digna de focar noutro texto, dada a extensão deste, e tendo já em conta o seu comentário. CMC
12:32:00 da tarde
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (0)
|
|