quarta-feira, agosto 23, 2006
[0.984/2006] Retornos
Uma vista de olhos rapidinha pelo Tugir em português deixou-me perceber que o meu caro amigo e camarada CMC manteve o seu estilo (bom estilo, diga-se). O que seria deste Tugir sem a sua brilhante presença e sem o seu estilo com estilo. Diria mesmo que quase sou dispensável neste escrevinhar sem método que vou dedilhando, quando não estou a banhos, coisa que nem sequer deveria ter interrompido não fosse esta enorme vontade de regressar ao doce lar para, de uma só vez, me confrontar com as dezenas de cartas dos meus correspondentes que nunca deixam de me lembrar para pagar mais uma conta de telefone, da electricidade, do seguro da casa ou dos carros, um imposto, o débito nos cartões de crédito com os ripanços nas ostras de Cacela Velha, dos Pezinhos na Areia ou ainda das cafezadas, amêndoa amarga e o Cutty Sark no Maré Alta. De volta, quase (que ainda faltam uns dias a repartir por aí até à Ilha do Pessegueiro) de regresso ao trabalho, coisa que prezo mas que percebi nos soninhos à sombra do toldo da praia do Hotel de Altura (o Ferro não andou por lá este ano) me poderia ser poupado, caso não tivesse tantas cartas de amigos que não me deixam esquecer os pagamentos, armado em tio, daqueles que têm calções de banho às riscas horizontais, carros potentes e uma lista de dívidas sem fim. Mas aqui estou de pele castanha, pronto para os trabalhos e para aturar de novo os que me põem o pão na mesa, agradecido a Socras por mais uns anos de labuta depois de me ter reciclado em juventude acompanhado do meu amigo e camarada Viera da Silva quando decidiram dar a oportunidade de trabalhar até aos sessenta e cinco depois de decretaram que a terceira idade é progressiva e agora convém que comece mais tarde. Vejo pelos Post deste Tugir e respectivos comentários que a globalização é mais relevante que a portugalização, isto é, que por aqui em Portugal quase nada se passa a não serem uns conceitos bacocos que confundem pacovice salazarista com fascismo. Percebo que a educação avançou triunfalmente para a melhoria (as notas dos exames dos miúdos estão aí para confirmar) e que o maladeto do Ministro das Couves foi injustiçado pelo esquecimento. Eu, que nestas férias (acreditem ou não, mais que merecidas) até tive oportunidade de praticar a agricultura intensiva num monte alentejano onde me dediquei (conforme devidamente ilustrado) ao plantio científico e mecanizado à boa maneira francesa, embora o INGA (e mais os seus trezentos mil quatrocentos e cinquenta e dois organismos satélites chupistas) não me tivesse dado um subsídiozinho para a gasolina verde que vinha mesmo a condizer com o meu Jipe e com o empate que os lagartos tiveram a honra de conseguir no Estádio WC, ali para os lados da sede de Miss Pearls. Já se vê. Um regresso com sangue na guelra e sem pachorra para falinhas mansas. O homem-tabú (ou hiato, caso queiram) continua a apanhar figos lá por baixo? Cá por mim, que me dei a cantarolar musiquitas do Paulo (como esta) enquanto molhava os pés nas cálidas águas onde vive um povo quase mouro que entende dever roubar tudo e todos para poder viver um ano com o trabalho (medíocre) de três meses, este país, este Governo e o resto, merecem o aconchego que tenho em memória para lhes dar, agora de baterias carregadas e de bolsos vazios. É porem-se a jeito e lá vai carga como se fosse um Apache Israelita a descarregar petardos sobre indefesos ou tropas de elite da Estrela de David a raptar membros de um governo eleito segundo as regras que defendemos para aquilo a que chamamos civilização e que, sendo de esquerda moderada, recusamos entender como terrorismo. E este calor de Lisboa frita-me o miolo já quase habituado a coisas simples como uma banhoca revitalizadora sucedida pelo pregão do Mustafá "Maria, olha o relógio, Maria" mesmo nas barbas do DG milionário dos Impostos, ou no jogo de bola que o Rogeiro dos parafusos fazia com o António. LNT PS: Já tinha avisado que sou da esquerda moderadora!
1:42:00 da manhã
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (4)
|
|