sexta-feira, setembro 29, 2006
[1.147/2006] Opa ergocalciferol
O óleo de fígado de bacalhau da minha meninice era tomado à colherada no início do jantar. Destinava-se a evitar o raquitismo e diziam-nos que fazia os olhos bonitos. Anos depois, uma alma caridosa resolveu inventar uma forma menos violenta de estragar o jantar e o famoso óleo passou a ser comercializado em cápsulas. O óleo de fígado de bacalhau, em colher, tomava-se (lembro-me e tremo) de mão no nariz a suster a respiração e com imediata ingestão de três ou quatro colheradas de sopa. Recordo pensar que aquilo era um truque maquiavélico para que se não resmungasse com o creme de couve-flor. Lembro-me do frasco da mezinha em cima do frigorífico a lembrar que o assalto que lhe fizéssemos (ao frigorífico) teria à noite vingança com cheiro pútrido e sabor pestilento. A malfeitoria estendia-se do Outono até ao Natal. Tantos anos depois e já com a recordação do odor apagada, à pala da OPA, de novo a memória de tão detestável remédio que evitava males maiores, evocada agora para justificar outros raquitismos que se preparam. LNT
1:59:00 da manhã
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