sábado, outubro 21, 2006
[1.262/2006] Ao Serviço da República [ I / III ]
Um dos principais problemas desde sempre apontados à Administração Pública é a existência de um aparelho fortíssimo interno que, de uma forma ou de outra, tem conseguido manobrar a máquina a seu favor. Penso que a palavra mafia seria demasiadamente forte para caracterizar esse aparelho, mas o modo operatório utilizado não anda muito longe do funcionamento da teia italiana. Quem conhece a Administração Pública sabe que se contam pelos dedos os casos de funcionários que, depois de terem sido nomeados para um cargo, seja de Chefe de Divisão ou de Director de Serviços, alguma vez retomem os seus lugares de quadro. Os poucos que se conhecem (exceptuando-se os decorrentes de sanções disciplinares) identificam quase sempre pessoas exemplares. Os casos genéricos, praticamente vitalícios, principalmente no caso de se processarem nos quadros a que esses funcionários pertencem (muitas vezes cargos criados tendo em vista as pessoas a colocar), geram as lógicas que têm inviabilizado, até agora, as necessárias reformas da Administração. As pessoas eternizam-se nos lugares de topo e protegem, a troco de protecção recíproca, as outras nos lugares intermédios. Como as avaliações de desempenho se fazem nesse mesmo circuito, está fácil perceber o que isto gera. Não é invulgar ouvir o comentário de que o poder político toma de assalto a Administração, mas isso é mais um dos muitos mitos que existem em Portugal. Antes assim fosse porque tudo passaria a ser mais transparente. As redes de protecção de que falo são geridas com lógicas pessoais o que as torna impunes ao poder democrático. (sobre este assunto recomenda-se a reposição da série "Yes Minister") LNT
8:54:00 da tarde
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