domingo, outubro 22, 2006
[1.268/2006] Nesta Lisboa que entristece
Caro Luís, Apresentas argumentos que ouvi há quatro anos, estava, então na mó de cima, na Câmara Municipal de Lisboa, o edil que depois passaria pela liderança do Governo. Estava a ser desenvolvido um trabalho meritório pela concelhia para ganhar a Câmara em 2005, dizia-se e desenvolvia-se trabalho, importa assinalar. Todavia, o resultado final é conhecido de todos. Não sei se ainda foi entendido por todos, ou se quer ser entendido. Esta é outra questão. Lembremo-nos do anterior mandato camarário, em que o PPD conseguiu o impensável, retroceder o avanço da cidade alcançado na década de 90. O PS tinha, então, todas as condições para ganhar, mais por demérito de quem governava do que por seu próprio mérito. Porém, nem o total descalabro, com os lamentáveis episódios, que ainda hoje se arrastam, do Túnel do Marquês de Pombal e Parque Mayer, o PS triunfou. Os lisboetas, conhecedores do estado da cidade, deram ao PS pouco mais de 25% dos votos e o PPD recebeu pouco mais de 40%. Mais de 15% de diferença! É obra! Um dos piores resultados de sempre do PS e o pior da última década no concelho de Lisboa. Ilações tiradas? Pelos vistos, no teu caso, parece que tiraste poucas. Aconselho-te vivamente a ler o artigo sobre a cidade de Lisboa, ontem publicada pela revista do Expresso e com o qual, estou certo, te deves rever, como qualquer lisboeta que se indigna com a actual gestão municipal. Lisboa está a tornar-se uma cidade sem rosto, sem gosto de ser vivida. Descaracteriza-se, na ambição de querer ter lucro fácil e esta gestão corre atrás das facilidades, para tapar o buraco orçamental que, por sinal, tem vindo a dilatar. E, cereja no topo do bolo, ainda temos o Presidente da Câmara a dizer publicamente que está pouco preocupado com a situação financeira. Ao ponto que se chega da falta de responsabilidade para com os lisboetas e para com os contribuintes nacionais. A única conquista que se tem obtido, nestes anos, é perda de identidade. E, as cidades sem identidade condenam o seu futuro e depreciam os seus munícipes. A esta perda, o PS ainda não apresentou alternativa. É cedo? Tendo em conta as eleições? Certamente. Mas da óptica que a todos importa, o descalabro da cidade, para a revitalizar, torna-se tarde. Continuam-se a perder anos de melhoria. Dizes-me tu que há trabalho a ser feito e com precaução. O único que vejo e constato diariamente é esta cidade sem rumo. Quanto à atitude do Vereador socialista, e ex-candidato à CML, gostaria de saber o que consideras sobre a atitude do senhor. Será que é mais importante indicar o rosto de quem dá a entrevista e não se dá qualquer relevância ao conteúdo do respondido ao questionado pelo DN? A forma conta, mas o conteúdo é, certamente, mais relevante. Sobre este, não vi ainda qualquer referência. Pelos vistos, colocar o dedo na ferida incomoda. Não assinalar a ausência de quem se descompromete das suas funções merece carta branca, sem qualquer reparo. Temos leituras totalmente distintas. Eu continuo a optar pela responsabilidade. CMCEtiquetas: cmc, Lisboa, Política Nacional
8:06:00 da tarde
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