segunda-feira, novembro 27, 2006
[1.451/2006] Cada um a fazer pela sua vida [IV/VI] O ambicioso racional e politicamente pouco hábil
Deste rol de textos sobre personalidades do PPD, resta focar os três mais ambiciosos. A personagem deste escrito é o ambicioso racional, mas pouco hábil. Racional no caminho que trilha enquanto comentador, pois sabe onde quer chegar, mas tem um handicap, é politicamente pouco hábil. Os anos em que foi líder demonstram a pouca destreza do académico na pele de político. É, dos três ambiciosos, o que tem maior protagonismo na actualidade portuguesa. Meia hora semanal, num canal de televisão, serve para marcar a agenda. A sua e procurar limitar a dos outros. Na semana passada foi patente o descolar do Presidente da República, quando analisou a entrevista que este deu à SIC. Assinalando, assim, a fronteira doutrinária e política que sempre o separou do Chefe de Estado. A diferença sempre houve, quer quando o número um da República liderou o partido e governou o país durante 10 anos, quer agora. E se defendeu o seu nome como presidenciável da área do PPD fê-lo por dois motivos. Um, porque na eventualidade de o Professor de Boliqueime não se candidatar, ele seria o candidato natural do partido. Logo, podia argumentar com base nas sondagens da época, era o segundo melhor colocado da área da direita, e mostrava, aos militantes laranja, como queria um candidato que muitos no PPD queriam e, não tendo este querido, o académico não tinha contribuído para a inviabilização da candidatura. Segundo, por que avançando a candidatura do Professor de Boliqueime, que se confirmou e ganhou, a sua possível candidatura presidencial não tinha espaço político. Por isso, para não se queimar politicamente e não comprometer aspirações futuras, dada a sua idade quando comparada com a do actual Chefe de Estado, o tempo joga mais a favor do Conselheiro de Estado. Ontem, em mais uma prédica dominical, o comentador, que deseja ser Presidente da República, como dá a entender cada vez que é confrontado com a possibilidade de um dia vir a assumir responsabilidades políticas, procurou passar um atestado de óbito político. Se ao actual Presidente do PPD não passa o óbito televisivo por que lhe interessa que alguém atravesse o longo e árduo deserto da oposição, já ao pretendente de Gaia, que pretende liderar na São Caetano à Lapa, desqualificou a sua capacidade política, assim como dos seus apoiantes, que ainda são alguns e com peso, em especial nas distritais de Lisboa, Porto e Algarve. O académico-analista-Conselheiro-de-Estado-ex-líder-do-PPD-cidadão-com-pretensão-presidencial ainda conta com algumas tropas no partido, mas hoje está longe de contar com aquelas que tinha na segunda metade da década de noventa, quando, na época, chantageava os militantes, com pedidos de apoio, no congresso, de dois terços às suas propostas ou, caso contrário, abandonava a liderança do partido, quando ninguém queria pegar nele. A sua projecção pública dá-lhe protagonismo e granjeia várias simpatias, devido à sua hábil e eficaz comunicação como analista. Tem um sonho político, derrotar Guterres. Todavia, tem no PPD o seu principal adversário, o Presidente da Comissão Europeia. Entretanto, vai continuando a sua política, de querer marcar a agenda do país e cingir a dos seus possíveis adversários, tanto internos como externos. O seu balão de oxigénio público, os comentários na televisão, é também um grande obstáculo. Dificilmente conseguirá, quando quiser, por motivos políticos, descolar a imagem de comentador. CMC
5:55:00 da tarde
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