quinta-feira, dezembro 21, 2006
[1.583/2006] Das esquerdas
Na classificação de Ulrich Beck distinguem-se hoje quatro tipos de esquerda: a proteccionista, a neoliberal, a guetisada e a cosmopolita. A proteccionista formou-se contra a política económica da insegurança no emprego e fora dele; a esquerda neoliberal é-o pela aceitação do desafio da globalização e procura um ponto de apoio algures entre o Estado nacional e o mercado global teorizado por Giddens, tornando-se agente de injustiças sociais por "imperativos patrióticos"; a esquerda guetisada seria partidária da Europa fortaleza; finalmente as esperanças do professor da Universidade de Munique dirigem-se para a tal esquerda cosmopolita. Qualificativo bem alemão, desde Kant pelo menos. Essa esquerda cosmopolita seria utópica nesta fase, mas ela devia colocar-se no terreno das propostas para uma maior coordenação internacional das políticas económicas nacionais, a favor dos controlos supranacionais públicos dos bancos, seguradoras e instituições financeiras determinantes nesta fase da globalização, e adepta de uma colaboração mais estreita e inovadora das organizações internacionais. Deixemos neste passo o professor e voltemos à questão dos novos desenvolvimentos de uma política de governança da globalização.
Na terça-feira, li o artigo acima (linkado), de José Medeiros Ferreira, que se baseia num escrito de um académico alemão. Estranho como uma pessoa do mundo académico consegue definir parte da esquerda como neoliberal. Como se tal fosse compatível - esquerda e neoliberalismo, desde logo, atente-se nas políticas para a área da Educação, Saúde e Segurança Social. Segundo se associa, o Governo de Blair é de uma esquerda neoliberal (?!). Alguma vez, um neoliberal promoveria, nas áreas referidas, as medidas do Governo de Blair? Provavelmente, o rótulo que receberia seria de estatizante. Quanto à definição da esquerda cosmopolista, ela tem bastante inspiração do Democrata Wodroow Wilson, algo, que na realidade, se pode encontrar na política do actual Governo britânico. Se a utopia é importante, o pragmatismo político é indispensável. CMC P.S.- Caro Pedro, aproveitei a oportunidade para redigir o escrito que há muito estava prometido sobre a(s) esquerda(s), apanhando esta boleia. Falta completar a série sobre os principais rostos do PPD, com um texto sobre o senhor que trabalha actualmente em Bruxelas. Etiquetas: cmc
9:47:00 da tarde
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