quarta-feira, janeiro 24, 2007
[0.115/2007] Complexidades
Caro Miguel, Não podemos isolar o caso kosovar da realidade europeia. A sua afirmação: haverá coisa mais "destabiliziadora" do que tentar exercer soberania sobre uma população que não a aceita e já habituada a se ter "libertado" desse soberano - pode ser aplicada noutras partes do Velho Continente. Desde aqui ao lado, na vizinha Espanha, passando pelo Reino Unido e chegando ao Cáucaso. Por esta ordem de ideias, poderíamos chegar ao ponto de concebermos uma mapa europeu, no século XXI, próximo das fronteiras anteriores a Vestefália. Ou seja, um vasto conjunto de pequenos Estados. A atitude da Comunidade Internacional tem sido de cercear ao máximo a Sérvia. Primeiro, com a independência do Montenegro, agora com a proposta de independência do Kosovo. Do mesmo modo que não nos podemos esquecer do déspota que comandou a Jugoslávia pós Tito, um sérvio que submeteu os demais povos jugoslavos à barbárie, não nos devemos esquecer que o Marechal, tanto apreciado pelo Ocidente, por se distanciar de Moscovo, também não foi menos suave, sobretudo com os sérvios, no período em que governou. Quanto aos kosovar-albaneses, importa ter em conta as suas legítimas e naturais aspirações. Daí a transformá-las nas únicas no caso kosovar, sem ter em conta as sérvias, parece-me muito pouco digno, para não expressar: injusto. A sérvia não pode ser só compreendida e tomada por Milosevic. Há mais, muito mais Sérvia para além deste bárbaro. Todavia, a Comunidade Internacional está, sem querer (?), a instigar os sérvios a encontrar no tirano um mártir. Isso estão e vencedor de domingo não o é por acaso. O seu último parágrafo: Finalmente, caso se consume uma independência do Kosovo, a ONU deve assegurar o direito à auto-determinação e à reunificação com a Sérvia dos territórios de maioria sérvia, nomeadamente o que são geograficamente contíguos a esta - do meu ponto de vista, não tem muita pertinência. Está de acordo com a sua leitura, e nisto o Miguel é coerente com a sua interpretação. Mas, note-se, tal como o Kosovo se pode tornar independente, a República da Sprska, na Bósnia, também poderia tornar-se, ou melhor, passar a fazer parte do território do Estado sérvio. Segundo a sua interpretação. Porém, essa solução provocaria, com toda a probabilidade, mais instabilidade na mais do que espartilhada Bósnia Herzegovina, pois a população croata da Bósnia apelaria no mesmo sentido da Sprska, mas, integrando-se, por sua vez, na Croácia. CMCEtiquetas: cmc, Kosovo, Política Internacional
1:29:00 da tarde
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