quarta-feira, janeiro 24, 2007
[0.116/2007] Claro que SIM
Anda para aí uma discussão forte sobre se a coisa é um novelo de células ou se já é um ser humano. Argumenta-se com tudo, considera-se tudo, desde os elefantes em gestação até às abelhinhas no pólen e, tirando muito poucos, raros são os que advogam que as abortadeiras devem ser detidas, julgadas, condenadas e presas, que é a matéria que deveria estar em debate, porque é a que se vai referendar.
 Sou claramente a favor de que essas mulheres não devem ser discriminadas. Volto a dizer, como já o fiz anteriormente, não me parecer aceitável que, nem uma só mulher que seja, passe a ter na sua Certidão de Registo Criminal (ainda que em desuso) qualquer marca que indique ter decidido fazer um aborto até às dez semanas, ainda que tal a não tenha feito cumprir pena.
Por isso votarei SIM e mesmo tendo de me ausentar do País consegui orientar as coisas para que no dia 11, já regressado, possa exercer essa minha clara determinação.
O argumento mais estúpido que tenho lido/ouvido é o que se prende com a vontade divina na determinação da natalidade. É verdade que os actos sexuais podem ser divinos, mas nem sempre geram coisa alguma. Aliás, como se sabe, muitos deles nem poderiam gerar, por não serem realizados entre géneros diferentes e mesmo os que o são, por não utilizarem os órgãos apropriados para a reprodução. Por isso, quer-me parecer que por muito celestial que um orgasmo seja, anda longe, muito longe, de ser regulado por doutrina ou ciência teológica. O segundo argumento na escala do absurdo prende-se com a temática de que os homens, por não lhes ser dado abortar, deveriam abster-se da pronúncia sobre o assunto. Aqui, são falsos logo à partida, bastando entender que por esse mundo fora há laboratórios onde homens promovem a fecundação artificial e acabam por deitar fora o conteúdo da proveta já com as células desenvolvidas. Estarão, ou não, a fazer um aborto?
Perguntam-me a razão das dez semanas. Confesso a minha ignorância sobre o assunto. Pouco mais sei do que aquilo que estudei, no tempo de estudante, em Ciências Naturais, e do muito que sobre a matéria li, posteriormente. No entanto aceito as dez semanas como o período máximo para racionalização e para dela tirar as conclusões necessárias ao projecto de vida próprio e dos que nos procedem.
O aborto não é desejável e não o considero como prática comum. É um recurso último devido a nem tudo controlarmos à partida e porque há razões que a nossa condição de seres racionais não permite deixar ao acaso. É o que penso, sendo duas vezes pai de filhas que desejei e que amo profundamente. LNTEtiquetas: IVG, lnt, Referendos
1:38:00 da tarde
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