segunda-feira, janeiro 29, 2007
[0.133/2007] Lisboa precisa de renascer II
Bruno Cordeiro, num comentário mais abaixo, sobre a herança do PS em Lisboa, pede licença para interromper o unanimismo que considera existir em torno da avaliação positiva que se faz da obra socialista na capital do país. Caro Bruno, pode, e deve, interromper as vezes que quiser e entender. Quanto ao conteúdo do seu comentário, quero destacar a sua abordagem, de que em Lisboa pouco se fez nos mandatos liderados pelo PS e, por comparação, considera que se fez mais nestes últimos cinco anos. Pois bem, Caro Bruno, ainda bem que dá por adquirido o existente na cidade, como se o concelho já estivesse dotado do muito que hoje, felizmente, damos por alcançado. Em infra-estruturas e dinamismo cultural, a grande obra, por sinal, apareceu nos mandatos de João Soares, então como Vereador da Cultura. Nestes últimos anos, em Lisboa, a Cultura apenas vive de projectos para as calendas. A Acção Social, hoje com tão pouco protagonismo e relevância na autarquia, ganhou estatuto cimeiro e efectivou-se com a liderança de Jorge Sampaio e João Soares, dada a realidade social da cidade. Que as já pouco recordadas, ainda bem!, cheias, no Inverno, em Alcântara e na 24 de Julho, tenham terminado nesses mandatos, não podem ser omitidas. Justiça se faça ao trabalho meritório do então Vereador comunista Rui Godinho, em especial com a mudança de colectores que permitiu acabar com as catástrofes que todos os anos, no período do Inverno, afectavam Lisboa, bem como o trabalho que desenvolveu no pelouro do Ambiente e Espaços Verdes. Como a limpeza da cidade desse tempo já nos parece uma miragem, tal o estado de sujidade que temos em Lisboa. Que o Desporto tinha dinâmica, e nestes cinco anos desapareceu. Da Juventude, com vários projectos, tenha nestes últimos cinco anos mirrado. Do Turismo, que cresceu quantitativa e qualitativa na década de 90, e agora encontra-se em velocidade cruzeiro. Ao menos isso! Pelo menos não desfizeram o trabalho feito. Do projecto do corredor verde que estava a ser desenvolvido pelo Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles para a cidade, da Avenida a Monsanto, por impulso da liderança de João Soares, e que estes cinco anos despejaram sem qualquer razão. Ainda bem que o Bruno, e todos nós, lisboetas, nos damos conta de que tudo isto já existe na cidade de Lisboa e existe pelo trabalho desenvolvido na década de 90. Pena Ribeiro Telles não ter completado a obra que estava a realizar. Não nos esqueçamos, também, da cidade que se pensou e projectou, com a liderança de Jorge Sampaio, e que, já no início de 90, o túnel do Marquês fora considerado pouco adequado. No entanto, a liderança laranja, desde 2002, preferiu construir um buraco, que hoje entope o coração da cidade. Por outro lado, refere que houve obra com a erradicação das barracas. A forma leviana como destaca esta mudança profunda, hoje, até é fácil de fazer. Como se fosse fácil acabar com os cancros de barracas. Mas, se nos lembrarmos do que havia e do que há, que diferença abissal! Qualquer pessoa, conhecedora da cidade, reconhece isto. Quanto aos problemas que surgiram, com os novos bairros, já que diz ter memória, recorde-se, Bruno, de quem assumiu a liderança da Câmara em 2002 e o que fez a todo o trabalho social que a Câmara tinha estruturado nos diversos bairros de realojamento. Tudo desprezado, deixando as conquistas alcançadas num autêntico lamaçal, daí a sua indignação, como a minha e a de muitos lisboetas pelo estado em que a cidade se encontra. Refere que nestes cinco anos se requalificou Lisboa. A requalificação mais evidente foi no mandato anterior, com uma série de cartazes a anunciar a requalificação... inexistente. Apelo, uma vez mais, à sua memória. Lembra-se de em quanto tempo o Parque Mayer seria recuperado? Eu recordo-me. Disse o candidato, depois-alcaide-eleito-e-depois-ainda-Primeiro-Ministro, que em oito meses o Parque Mayer estaria como novo. Hoje, Lisboa já gastou mais de dois milhões de euros no Parque Mayer e este continua a degradar-se. Já passaram cinco anos! Em termos de requalificação, aponta o Bruno, fez-se muito. Por onde? Pela Baixa? Tirando a operação de cosmética da Rua da Madalena, esta artéria e todas as outras da Baixa continuam por recuperar. Manifestei entusiasmo, em tempo oportuno, neste blogue, pelo projecto da Vereadora do CDS. Bem ou mal, com virtudes ou defeitos, era um ponto de partida. A Baixa precisa de ser encarada e precisa de ser recuperada. O que fez esta maioria a um dos projectos mais cruciais para o futuro de Lisboa? Engavetou-o, continuando, deste modo, a Baixa à sua mercê, que é como quem diz, a permitir a degradação. Fala nos espaços da Alta de Lisboa. Ainda bem que o faz, pois recorde-se, então, de quem lançou o projecto de qualificar parte esta da cidade, designadamente parte da freguesia do Lumiar e uma grande área das freguesias da Ameixoeira e da Charneca. Quanto ao estado de Telheiras, Campolide, Sete Rios e Olivais que fala, passe por estes locais e veja o que se passa. Será que é João Soares que anda a licenciar a construção em Telheiras ou, por exemplo, no Parque das Nações? Em questões partidárias, nunca viu o PS, quando liderou a cidade, com os mesmos tiques e métodos desta maioria laranja, onde a autarquia serve para facções disputarem a liderança nacional do partido. Na Câmara trabalha-se para a cidade, não para o partido. Nunca viu notícias de um Secretário-Geral do PS dizer ao Presidente da Câmara socialista o que devia fazer ou não em matéria de nomeações, como sucedeu recentemente no caso da SRU. Se tem memória, como diz ter, facilmente constata, como qualquer lisboeta, que em cinco anos, andou-se muito para trás, como nunca se tinha imaginado. Lisboa precisa de renascer! CMCEtiquetas: cmc, Lisboa, Política Nacional
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