segunda-feira, março 26, 2007
[0.373/2007] Parecer e ser
De quando em quando confrontamo-nos com a realidade que clarifica o nosso atraso permanente. Em Portugal sempre foi mais importante parecer do que ser. As pessoas endividam-se para parecer e as elites(?) estabelecem padrões para defesa da sua própria condição não sendo poucos os que vão atrás do mais fácil, se necessário enganando. Nesta República a nova realidade assenta numa sociedade que prescinde do mérito e se basta na titularidade do canudo, promovendo por habilitação em detrimento da capacidade. Toda a máquina está montada nesse sentido, protegendo as castas. Em Portugal chega-se ao cúmulo das ordens honoríficas serem atribuídas por graus académicos. Por isso temos em lugares de topo tantos incapazes diplomados e tantos outros com provas dadas e mérito reconhecido a não passarem da cepa torta. A confusão entre qualificação e habilitação literária continua a ser a pecha mais injusta e promotora da pior incompetência e tenta muitos que não conseguem aguentar essa pressão a jogos de inverdade para conseguirem a igualdade de oportunidade que a própria Lei e as colunas de opinião lhes veda. Os que ascendem vêem-se confrontados com a crítica de não deterem este ou aquele grau académico, independentemente da capacidade para desenvolverem essa actividade e, como mais vale parecer, quando o estofo é fraco e a corrupção muita, forja-se. Os resultados estão à vista. Um país medíocre, de pseudo-elite titular de habilitação mas inqualificada. Um país onde os cidadãos não têm de provar do que são capazes porque lhes basta um título para parecerem capazes. Um país onde, apostado na imagem e na propaganda, em vez de se defenderem valores, provando-os com o mérito, se escolhe a trapaça. Mal de quem alinha nestes jogos porque quando a meta é a mediocridade os medíocres mais habilitados, temendo bater-se pela qualidade, nunca se deixarão comparar. É um País triste este Portugal. LNTEtiquetas: lnt, Vida
3:17:00 da manhã
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (1)
|
|