terça-feira, junho 19, 2007
[0.809/2007] Relendo
(...) Mas é sem dúvida na esfera da relação com a morte e os mortos que melhor se mostra a recusa portuguesa de inscrever. De certo modo, é neste plano que se joga toda a não-inscrição dos acontecimentos, porque é ele que condiciona e determina a relação dos vivos com a vida. Seria útil apoiarmo-nos, aqui, num estudo dos rituais fúnebres dos portugueses, e num etnologia comparada com outros ritos do mesmo tipo da zona mediterrânea e europeia. Infelizmente, tais estudos estão por fazer. Limitemo-nos a constatar um aspecto que pode iluminar a atitude geral dos portugueses relativamente à morte: a velocidade do esquecimento do morto por parte dos vivos. Ela é tal que, uma vez acabada a cerimónia fúnebre e enterrado ou cremado o cadáver, a saída do território do cemitério opera um corte brusco. Excepto para os familiares e amigos íntimos, esse retomar do contacto com a vida, com a sua versatilidade, com o sol ou a chuva, as pequenas contingências do tempo, da circulação, dos encontros, dos horários, etc. , desviam imediatamente o espírito (já moldado e vocacionado para a não-inscrição) da concentração pesada na morte a que fora obrigado. (...) José Gil – Portugal, hoje – o Medo de existir.
Não sou coleccionador de livros, nem citador de autores. Nisto dos livros, como no resto das coisas da vida, aprendo com o passado, projecto no presente e retiro ensinamentos para evitar, no futuro, a repetição consecutiva de erros. Aos livros leio-os, interpreto-os, recapitulo-os, interiorizo-os e acrescento-os ao conhecimento adquirido. Acumular informação é diferente de acrescentar conhecimento. Pode servir para argumentar, para propagandear, inclusive para datar, mas só o conhecimento é a mola de evolução para o advir. LNTEtiquetas: Literatura, lnt, Meditando
12:18:00 da manhã
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (4)
|
|