sexta-feira, julho 27, 2007
[0.980/2007] Razões de uma escolha que não era a melhor
Caro Pedro, Como bem sabemos, o PS tinha melhor candidato da sua área política do que os dois que surgiram da área socialista na última eleição presidencial. Infelizmente, o próprio partido encarregou-se de inviabilizar a candidatura presidencial que reunia as melhores condições, quando, logo em 2001, muitos recearam defender as políticas do então Governo socialista e outros acusaram o melhor candidato, e que daria seguramente um bom Presidente da República, de traição. Enfim, os gestos nobres e dignos em política colhem repúdio. E o reconhecimento das limitações é desprezado, como se qualquer pessoa fosse imbatível. Quanto aos dois candidatos da área socialista que entraram na eleição presidencial, e que me merecem o maior respeito, e respeito não significa vassalagem, em 2006 não podia votar em quem sempre apreciei a lucidez da interpretação política dos tempos que correm e que não tem tido, no meu entender, nos últimos anos. Por outro lado, o facto de Mário Soares já ter sido Presidente da República era outra das razões com que não encarei com grande receptividade a nova candidatura a Belém. Por isso, e entendendo que não devia votar em branco ou abster-me, votei no sentido de procurar inviabilizar a eleição do candidato favorito à primeira volta. Confesso-te que me entusiasmei no início, quando Alegre apresentou a candidatura, porque de facto o PS não conduziu bem o processo da corrida presidencial, mas ao longo da campanha, em especial na recta final, comecei a apreciar menos a intervenção do candidato em que votei, pela vitimação que começou a assumir e o discurso anti sistema. Por outro lado, importa reconhecer, a candidatura de Alegre teve várias virtudes. Desde logo, o facto de mobilizar pessoas de vários quadrantes que apoiaram a candidatura sem qualquer problema da sua identificação política. Foi um movimento interessante, pela espontaneidade e entusiasmo que gerou no país. E teve, depois, o terrível defeito de uns quantos elementos da candidatura, que se julgaram donos e senhores do milhão e tal de votos, como se aquela expressão massiva, nas urnas, não tivesse única e exclusivamente apenas um sentido: votar num candidato presidencial. Como se todos aqueles votos fossem transponíveis para outros actos eleitorais totalmente distintos. Arvorando-se, certas pessoas, em donos e senhores da cidadania, como se fossem os únicos, num total desprezo desse mesmo princípio da cidadania, que é o respeito de cada pessoa. Agora, meu caro, o tempo é de futuro. Só quem nada tem para dizer ou apresentar, se refugia e reconforta no passado, vivendo, alimentando-se e iludindo-se de memórias. CMCEtiquetas: Política Nacional
12:25:00 da tarde
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (1)
|
|