quarta-feira, julho 25, 2007
[0.961/2007] Mudam-se os tempos, muda-se a vontade, mas há quem esteja parado no tempo
Há alguns meses que deixei de comprar o Público e por isso não li o artigo que o jornal hoje publica de Manuel Alegre. Porém, já tinha lido no Hoje há Conquilhas e agora vejo aqui, no TUGIR, reproduzidas algumas linhas do que o deputado socialista escreveu. Apesar de não ter a percepção global do texto, só a parcial, pelo que li, noto que o discurso da resistência continua a transpirar. Não que isso seja mau ou negativo, porque não é. Mas porque, em termos de construção, pouco tem para dizer, nada contribui. A posição é sempre de reacção, não de construção. Os tempos mudam, como diria o grande poeta luso, e, portanto, a política também muda. As aspirações e necessidades são outras. Estamos em 2007. Mas não há quem resista, à falta de melhor argumento e perspectiva políticas, retomar tempos antigos e estabelecer paralelismos, ainda que diga que nada têm em comum com a actualidade. Como se a referência ao tempo do Santo Ofício ou do Estado Novo não fosse empregue com um propósito bem claro, quanto aos fins que o texto pretende atingir, de comprar o incomparável. Como se hoje, em 2007, a Liberdade estivesse em risco. Como se o medo estivesse instalado. Como se houvesse só silêncio e obediência. A ser assim, foi a Democracia que falhou e os seus protagonistas que não estiveram à altura. E que saiba, Alegre já anda nestas andanças há mais de 30 anos. Só há dois anos é que despertou para esta realidade? E escreve estas linhas quem votou Alegre nas presidenciais. O problema não está na falta de Liberdade ou na presença de medo, como noutros tempos. O problema está naquilo que há mais de 100 anos Eça tão bem descreveu e caracterizou e ainda hoje é patente. Como é que os seus escritos estão tão actuais? O problema é, portanto, mais fundo e complexo, é de conteúdo, mais do que de forma. Se quisermos, até podemos ir a Antero e encontrar algumas das consequências do atraso. Mas, os tempos mudaram, e a integração europeia tem sido benéfica na mudança que tem ocorrido. E como os tempos mudam, a doutrina socialista também muda, como sempre aconteceu com esta corrente democrática do socialismo, que não se encerra em dogmatismos. Pelos vistos, o camarada Alegre continua com a visão de 1975, que é muito respeitável, mas nada exequível e totalmente desfasada em 2007. Neste caso, vale a pena recordar a máxima de Kennedy, pois o que o deputado quer, é que seja a oligarquia do partido a dar o exemplo a todos, mas a responsabilidade tem de ser assumida por cada um, seja governante, dirigente partidário ou cidadão. Com a experiência política que tem, Alegre devia saber, e dizer, que os primeiros adversários do Governo e do partido que apoia o Governo são os militantes socialistas que dão maus exemplos nos cargos que assumem. Como disse o sábio Napoleão, o poder é efémero e tanto é mais efémero em democracia. Os militantes que se armam em pequenos sobas, que se julgam donos e senhores de um cargo que é público, são, esses sim, os primeiros adversários do PS, pelo mau exemplo e irresponsabilidade que dão. Além do péssimo serviço público que prestam. Porém, já se sabe, quem ficou parado no tempo, não se espera que dê um contributo construtivo na sociedade democrática. Apenas a resistência, que foi determinante na oposição à ditadura, mas não serve com a mesma utilidade e consequência em democracia. O mundo mudou e há quem esteja parado... e nalguns casos ressabiado. O tempo é da globalização! E até já temos, neste país, como alguns querem fazer crer, sem Liberdade e com medo, blogues onde cada um exprime a sua opinião pessoal. CMCEtiquetas: Política
1:50:00 da tarde
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (3)
|
|