sexta-feira, julho 20, 2007
[0.938/2007] Erros de palmatória
Tenho por António Vitorino a maior consideração, o que ele sabe, assim como saberá certamente o que lamento por nunca o ter visto chegar-se à frente quando foi necessário. Este lamento nem sequer é uma crítica porque entendo que cada um tem o direito de assumir as posições que entende e igualmente de escolher as ocasiões em que o deve fazer. No entanto, e aqui já é uma crítica, as posições que Vitorino tem tomado como comentador político deixam-me sabor amargo, por nunca conseguir comentar sem tirar o casaco oficial. Não que ele devesse ser neutro, porque independência de juízo não implica neutralidade, mas porque me parece mais útil a sua visão pessoal. Para porta-voz já nos basta o Jorge Coelho. Vem isto a talhe de foice devido à coluna que Vitorino assinou hoje no DN onde fez a análise da abstenção no último acto eleitoral em Lisboa.
Vitorino comete dois ou três erros de palmatória.
1- Porque tenta fazer passar que a extensa lista de candidatos (12) "produziu uma assinalável fragmentação da composição do executivo camarário" quando sabe, tal como todos nós, que em causa só estavam 7 opções e, mesmo assim, uma delas sem conseguir o entusiasmo do eleitorado (Na CML estavam 5 forças e agora estão 6 – é assinalável?);
2- Porque tenta fazer passar que o concurso dos independentes "foi insuficiente para mobilizar os eleitores para o voto de forma mais expressiva". Esta visão, que é a visão partidária, revela o pressuposto de que sem os independentes a abstenção teria tido iguais resultados. Faz criar na opinião pública a ideia que à falta dos independentes os eleitores teriam ido às urnas em igual número;
3- Porque faz a brincadeira de julgar de forma simplista que existe alguma distinção entre "candidaturas independentes geradas pela sociedade civil e dissidentes partidárias" análise manipuladora em voga que deve ainda resultar do tempo da inquisição onde os convertidos se distinguiam por serem cristãos-novos. Nunca, quem defende esta fraca argumentação, explicou qual o tempo de defeso necessário para que um independente deixe de ser independente-novo.
Jogando com os três pontos anteriores parece-me que só ficarão surpreendidos todos aqueles que, a não repensar seriamente e sem as demagógicas adjectivações que costumam usar para caracterizar os seus adversários, em dia de votação verificarem que a abstenção ainda poderá atingir, por exemplo e pelo seu próprio método, os 80%, ou mais. (tirem a percentagens de Carmona e Roseta e surpreendam-se com os valores de abstenção)
Sabe-se que esses (os que recusam a ver o que todos sabem) irão continuar a reclamar as vitórias, mas começa a ser previsível que a coisa, a manter o actual rumo, vai acabar mal. LNTEtiquetas: Comentadores, Lisboa, lnt, Política
5:55:00 da tarde
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