quinta-feira, novembro 25, 2004
[1.390/2004]
Referendos
Nem toda a gente tem a sorte do "contraditório" que tenho tido. Contraditório de alta qualidade para os lados do Índico. A Shamba de José Flávio Pimentel Teixeira não me deixa por o pé em ramo verde, não vá espantar a caça grossa e os javalis dêem cabo do cultivo na terra fértil.
O conceito de democracia que JPT tem, não é muito diferente do meu mas, embora em campos políticos que teoricamente não andam também muito distanciados, o Socialismo-democrático (à la PS) e o dele, a Social-democracia (à la PPD) (nestes "à la" é que residem as diferenças substantivas), as discordâncias de conceito fazem-se sentir. O esclarecimento "a priori" é o de que, aquilo que escrevo no Tugir em português, é a voz do meu pensar e não veicula o sentir ou a ciência política do Partido Socialista. É assim mesmo o PS: Uma organização de cidadãos-livres que pensam pela sua cabeça. Nem sempre estamos de acordo e um Blog pessoal não é o manual de ciência. Reflecte o pensamento pessoal e é uma janela aberta para o debate. Nada de muito sofisticado.
Quando resolvi escrever o Post [1.385] sabia que alguém me viria puxar as orelhas. À falta de um correligionário veio o contraditório e vamos a isto que se faz tarde:
Comentou da sua Shamba, JPT:
Muito complicado este Post. Sim, nunca existiu um verdadeiro debate sobre a integração europeia. Sim, isso é uma atitude política. Sim, a pergunta é estapafúrdia (eu acho-a desonesta, corolário do sistema partidário que temos). Mas...
Nunca, a ideia de que "a democracia é cara", que o corolário do seu lamento pela despesa do referendo.
Isso do que se gaste o dinheiro noutras coisas mais necessárias e urgentes, francamente!
Falando baixinho:
A "democracia é cara", caro JPT. Sabe-o tão bem como eu. Mas estou disposto, penso que a maioria dos portugueses também o está, a pagar esse luxo. O que a democracia, esta ou outra qualquer no Mundo não precisa é de ser esbanjadora, para mais num País carenciado. É este o meu lamento, não o da carestia do regime.
Falando da sua Shamba:
E, se não concorda com o referendo, o que é muito legítimo, como aceitar que as grandes questões sejam decididas pelos órgãos eleitos, representativas, e as pequenas, locais vão a referendo. Oh LNT, então Juntas de Freguesia e Câmaras não são órgãos eleitos e representativos, não apresentaram aos eleitores programas?
Falando baixinho:
É verdade que, retirando os casos em que seja necessário decidir algo que não tenha sido abordado nos programas eleitorais, não concordo com o Referendo a nível nacional.
É claro que entendo isso como um desperdício de tempo, de dinheiro e como uma inutilidade pseudo-democrática. Quando voto para os órgãos nacionais, delego poderes para que, em meu nome, se dê execução ao programa que sufrago. Preciso de debater o que é proposto, não preciso de o referendar. Já o fiz anteriormente.
Quanto ao poder local a coisa muda de figura. Chamo a isso o envolvimento cívico e a participação de cidadania naquilo que nos é próximo. Não tenho de referendar o Túnel das Amoreiras, porque faz parte do programa eleitoral da vereação municipal que ganhou as eleições. Tenho de referendar o alargamento do passeio em frente de minha casa, porque isso reflecte-se directamente na minha vida e nunca deleguei o poder a ninguém para o fazer.
Estamos a simplificar, claro, (porque estamos a Blogar) mas a ideia é essa mesma. Cidadania, envolvimento e participação.
Falando da sua Shamba:
- Vai aqui uma grande confusão, e é com respeito e apreço, V. sabe-o, que o associo a um dia de demagogite, essa do dinheiro em vez de ser para o referendo ir para projectos...
Falando baixinho:
Talvez um pouco de demagogia, é verdade. Se o dinheiro não for aplicado nestas coisas será gasto em carros de grandes cilindradas para os nossos governantes, ainda assim, não conseguirem chegar a tempo das suas próprias tomadas de posse. Mas essa demagogia é a base da esperança que ainda alimento de um dia vir a assistir à utilização da parcela que me retiram do vencimento ser utilizada em coisas úteis. Quando perder essa esperança, das duas uma: Ou deixo de pagar impostos, ou deixo de trabalhar.
Falando da sua Shamba:
Eu continuo na minha, onde está o meu direito (ou dever, lembra-se?) a votar? Somos nós emigrantes, cidadãos de segunda? Isso não interessa nada, eu sei, somos só umas centenas de milhares. Ou mesmo milhãozito. Uma vergonhaça mais nesse País.
Falando baixinho e sem contraditório:
Também acho, JPT. Também acho!
LNT
Imagem: A estátua-retrato do rei Shamba Bolongongo, dos Bakubas, que teria reinado entre 1600 e 1620 d.C., representando-o sentado e tendo à sua frente um tabuleiro de Mancala, é possivelmente a mais antiga escultura de madeira da África Negra que se conhece. Pode ser apreciada no British Museum em Londres.
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Nota: Sabia que Shamba também quer dizer Sábado em Afegão, Curdo e Urdu?
1:40:00 da tarde
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