sexta-feira, abril 29, 2005
 [0.640/2005] Europeizar o 25 de Abril
Falta um mês para a França referendar o Tratado Constitucional europeu. Em Portugal, o debate gaulês, que se tornou europeu, passa ao lado. Como tudo que é matéria europeia. Apenas nos preocupamos com a politiquinha lusa. A que nem ata nem desata. Há algumas mudanças, reconheça-se, mas, bem vistas as coisas, lá está Portugal, sempre nos mesmos lugares. Um lugar à frente ou um lugar atrás da Grécia. E agora, que chatice!, a companhia dos tipos do Leste. Até já há países à nossa frente! Indicam-nos as tabelas de desenvolvimento (é preferível algumas pessoas mais sensíveis nem repararem nos indicadores de educação, não apanhem um valente choque - termo tão in no vocabulário político luso - quando constatarem os elevadíssimos índices de literacia dos antigos Estados abrigados, com opressão, pelo Pacto de Varsóvia). Não é por acaso, que ainda hoje, a semântica do futebol, um dos sectores mais internacionalizados de Portugal e que mais projecção dá ao país, utiliza a expressão: vamos à Europa, em vez de: a equipa foi apurada para a Liga dos Campeões ou a equipa vai participar na Taça UEFA. Algures entre o Império perdido e a Europa desejada, lá vai Portugal, cantando e rindo, como se as coisas da Europa e do mundo fossem questões que não dizem respeito. Ainda há quem pense/diga que não continuamos "orgulhosamente sós"? De que vale o 25 de Abril se a mentalidade ainda está pregada e parada no 24? CMC P.S.- Caro Luís Coelho, este texto acaba por surgir como breve reflexão à tua pertinente questão, de como fazer um novo 25 de Abril. Por que não, por exemplo, europeizar o 25 de Abril? Não nos fundos comunitários, que vão ser negociados em breve, mas no pensamento nacional. Ao fim e ao cabo, europeizar não era uma ambição de então? 'Devolver' Portugal ao seu continente, do qual andou arredado durante vários séculos? Até o Estado Novo, no curto reinado do orador de "Conversas em Família" estabeleceu contactos com a CEE, procurando uma adesão às Comunidades Europeias. Caro Miguel, peço desculpa por só agora responder. Quanto à primeira questão, ela tinha em conta a cronologia, ou seja, feito um novo 25 de Abril, não se poderia cair num PREC. Que se provou ter sido um período de retrocesso para o país. Quanto à abordagem que fiz no texto, penso que em nada, em momento algum, coloquei em causa as conquistas de Abril. Pelo contrário. É por entender que temos/devemos ser mais exigentes, pela própria democracia, que devemos questionar que projecto democrático trilhamos. Esta é, sem dúvidas, uma conquista de Abril que não podemos desprezar.
3:20:00 da manhã
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