segunda-feira, abril 24, 2006
[0.499/2006] (quase 500) Esta coisa das escritas em Blogs
Parece-me útil, embora não necessário, fazer alguns apontamentos acerca dos textos que vou publicando neste Blog. A utilidade advém do facto de alguns que me lêem não me conhecerem o suficiente para saber quando uso ironia ou escrevo a sério, o que por vezes é objecto de más interpretações. Sem querer ser abrupto neste meu texto deixo algumas linhas da orientação pelo que me tenho seguido nestes três, a caminho de quatro, anos na Blogos. O direito à diferença O Tugir é escrito por duas pessoas diferentes que têm uma base ideológica, em princípio convergente, mas que, tanto em aspectos geracionais, como de experiência, ou ainda de formação académica e/ou profissional, têm diferenças substanciais. Daí, muito do que o CMC escreve tem muito pouco a ver com o LNT e vice-versa. Cada um é responsável e exprime o que lhe parece mais correcto. Quando apetece há polémica, mas nem sempre o facto de não haver implica concordância. Pretende-se ter um espaço aberto, não um catecismo de mestrança e ainda menos um manual de comportamentos. O essencial é a liberdade total de expressão e o respeito pela opinião, o que não invalida o contraditório. O direito à expressão Neste fim-de-semana recebi alguns eMails que me acusavam de ter textos politicamente incorrectos principalmente devido a algum sentido machista pouco abonatório da minha condição de militante socialista. Também aqui o Tugir está à vontade porque: Em primeiro lugar, os textos são da minha exclusiva responsabilidade e não veiculam a minha condição política ou profissional. São resultado de um estilo literário onde consigo abstrair-me dos meus deveres sociais (podem mesmo chegar a ser anti-sociais, se para aí estiver virado); Em segundo lugar, a liberdade de expressão, neste caso consubstanciada num estilo literário, pode não reflectir mais do que a liberdade de redacção. Em terceiro lugar, não entendo a política como uma actividade assexuada. Em quarto lugar, embora não escreva com pseudónimo (ou Nick como os info-incluídos gostam de chamar) não me sujeito a repressão na escrita criativa em favor de uma lógica da coerência que defendo. Este é um espaço de criatividade. O direito à citação Já não é a primeira vez que alguns demonstram perplexidade com citações que lhes faço nos meus textos. Defendo para a Blogos a tese de que é uma comunidade alargada onde todos têm muito a aprender na troca de experiências, opiniões e contraditórios. (nunca uso o termo Blogosfera por entender que o seu espaço não se confina aos Blogs) A minha formação nestas áreas já vem de longe, do tempo das BBS, Videotex e outros. Estou à-vontade para nem sequer rever na Blogos o deslumbramento das ciências novas e dá-me vontade de rir quando sinto gente que se toma muito a sério nesta forma de comunicação, convencida de que está no centro do Mundo. É evidente que tudo o que aqui se escreve é comunicação pública, lida e interpretada por todos que lhe têm acesso e como tal sujeita a ressonâncias, manipulação e desinserções textuais. Tem a vantagem de ser registo escrito e a desvantagem de ser possível alterá-lo devido ao seu formato electrónico. Como qualquer comunidade aberta, compõe-se de gente diversa e nela residem todo o tipo de pessoas, ideologias, intenções e gostos. Há uns que se aproximam mais daqueles com quem se identificam (na concordância ou na divergência) e com eles formam laços de maior cumplicidade. Há outros que se individualizam, que tentam liderar a opinião, que se não misturam nem querem misturas. Opto pela postura de total abertura e de completa liberdade. Escrevo o que me apetece, permito comentários nos meus textos, respondo a quem me apetece, ignoro quem me apetece. Respeito quem me respeita, brinco com todos e principalmente entendo que esta é uma actividade lúdica com a vantagem de ser pública e como tal comportar também a característica de mensagem muitas vezes dirigida e até codificada. Gosto de incluir nos meus textos provocações e referências a outros autores que leio e uso citá-los, ligá-los e picá-los. A esta interactividade construída no hipertexto designo por estilo de escrita mutante, onde muitos dos subentendidos têm ou são respostas contidas nas agulhas das ligações. (Chamo a atenção à posição dos olhos em alvo fixados no palavrão TICC). O direito ao absurdo Quem se convencer que todos os textos publicados são ao correr da pena que se desengane. Também os há, é verdade, e até há alguns que só foram publicados por instantâneos de insanidade. Mas há muito mais, há muito trabalho de elaboração, de pesquisa, de reflexão, de ponderação, de coragem e principalmente muito gozo, até nos subentendidos dirigidos só para aqueles que já conhecem as manhas. Há quem diga haver aqui uma "escrita alternativa", seja lá o que isso for. Por exemplo, o texto 492/2006 só viu a luz do dia (ou melhor, só foi estampado na pantalha) depois de horas de pesquisa, tanto de imagem, como de leitura, como de intenção. Cada palavra tem o seu próprio significado e o conjunto uma significância muito para lá do que se apurar se lido em diagonal. Aquilo é uma obra de arte. Explicado tudo isto (o absurdo) resta-me a consolação de saber que só sou lido por quem o quer fazer. Felizmente o Tugir não é um manual escolar de uma disciplina nuclear. Acabando no início, há que distinguir a ironia do texto sério. Façam de conta que estão interessados nessa destrinça. LNT
12:52:00 da tarde
. - .
Página inicial
. - .
Comentários (4)
|
|