quinta-feira, julho 20, 2006
[0.857/2006] A tese, a antítese e a síntese da Administração GWB
Recuperando um tópico anterior, vale a pena observar a política externa da actual Administração norte-americana. Este grupo, de neoconservadores, que mudou, e muito, os E.U.A. e o mundo, tem revelado pouca perícia nos assuntos externos. Muito distante, até, das anteriores Administrações Republicanas. Por exemplo, quão díspar é a doutrina desta Administração daquela que norteou as Administrações Republicanas da década de 80, uma política de expansionismo e de nítida confrontação, no caso com a URSS. Esta política errada, para os Estados Unidos, e errónea, para o mundo, deve-se aos valores deste conjunto de republicanos. Desde o primeiro dia em que se instalaram na Casa Branca, em Janeiro de 2001, convém recordar, que defendem, fiel aos seus valores, que os Estados Unidos devem ter uma posição externa de menor intervenção, logo mais concentrado nas suas fronteiras. Recorde-se que o Médio Oriente foi uma das zonas, a mais complexa de todas as áreas do globo, da qual se procuraram desligar. No entanto, nas mentes e na doutrina dos neoconservadores faltava um dado da maior relevância. Goste-se ou não, os Estados Unidos são, presentemente, a única superpotência mundial. Logo desempenham um papel ímpar no palco internacional. A doutrina neoconservadora, dos Estados Unidos virados só para si, caiu por terra com o 11 de Setembro. E, pior emenda que o soneto, com os atentados a Administração deu uma pirueta de 180 graus. Assim, e ao contrário dos valores neoconservadores, os Estados Unidos deviam estar em todas as frentes. O que demonstra a falta de discernimento. Se a intervenção militar no Afeganistão se justificava, a do Iraque não. E mais grave. A primeira não atingiu os objectivos. Pelo contrário. A presente situação no Afeganistão só levanta mais receios, dada a pouca eficácia da intervenção e o recrudescimento dos radicais. Quanto ao Iraque, a obsessão era tanta, como vingança de 1991, que a vontade acabou por se materializar. Lá se aventuraram na Mesopotâmia sem quaisquer objectivos, ou melhor, com alguns (derrube do ditador e controlo do petróleo) muito mal concebidos, quanto mais estudados. A guerra no Iraque condena, agora, por diversos motivos, em primeiro lugar o número de baixas, um regresso aos valores doutrinários dos neoconservadores, dos Estados Unidos não estarem tão expostos e presentes externamente. Em suma, assistiu-se entre Janeiro e Setembro de 2001 à tese (política externa diminuta); de 11 de Setembro de 2001 até Janeiro de 2006 à antítese (política externa ultra-expansionista); e, desde Fevereiro deste ano, sensivelmente, quando se começou a equacionar o regresso dos militares que estão no Iraque, e com a saída das tropas dos E.U.A. do Afeganistão, à síntese (política externa menos presente, mas ainda assim visível). Tudo somado e subtraído, quando faltam dois anos para terminar o mandato, a política externa dos Estados Unidos é incoerente e prejudicial, em primeiro lugar para os próprios interesses norte-americanos. Prova-se que o problema tem origem na raiz, isto é, na doutrina neoconservadora, que não tem uma concepção adequada à realidade mundial. Esta Administração não soube, ao contrário da anterior, intervir nos diversos pontos do globo onde os Estados Unidos actuam, de modo moderado e firme sempre que necessário. O mundo está mais inseguro do que quando Clinton terminou o mandato. Resta esperar por um futuro melhor, em 2009. CMC
3:20:00 da tarde
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