terça-feira, julho 31, 2007
[1.001/2007] Excitações
O Rádio Clube Português, estação que vou ouvindo de manhã e nos trajectos de automóvel, não se calava com o elogio fúnebre na hora da partida de Paulo Macedo.
No mínimo é estranho que um Director-Geral tenha uma cobertura mediática tão relevante e, como não podia deixar de ser, patética, pelo empolamento das acções, pela ignorância dos comentadores e pela sabujice do louvor por alguém que a troco de muito mais do que alguma vez foi dado a todos os outros, cumpriu a obrigação de gerir bem um serviço público. Logo pelo repetir sucessivo da designação de Direcção-Geral das Contribuições e Impostos que o jornalista não deixava de referir amiúde quando, há anos, essa organização se chama somente Direcção-Geral dos Impostos, o que não tendo importância especial revela a falta de preparação nos trabalhos de casa.
Depois pelo exagero absoluto das muitas realizações que são atribuídas a Paulo de Macedo, como se ele tivesse sido pioneiro da modernização da máquina fiscal.
Não tivessem antes António Nunes dos Reis na DGCI (que tão injustamente foi tratado por Manuela Ferreira Leite) e António Cavalheiro Dias na DGITA sido tão eficazes e inovadores como foram no tempo em que dirigiram as Direcções-Gerais dos Impostos e a de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros em tempos de Sousa Franco, Pina Moura e Oliveira Martins e Paulo Macedo não estaria agora a ser alvo de tantas atenções. Foi com eles que se implementaram os Sistemas de Informação e as visões do contribuinte como cidadão e foi igualmente com eles que se inovou no relacionamento com os contribuintes através das tecnologias Web, (entre outras com as Declarações Electrónicas) logo na altura um sucesso, embora sem o impacto que os meios de comunicação social agora insistem em propagandear. Fizeram-no sem as recompensas de salários escandalosos e a descoberto de protecções absurdas, divinas e humanas, inclusive com a crítica acesa de alguns, como Saldanha Sanches, que hoje falam de Macedo como o grande obreiro da revolução no fisco.
É com massa desta que se faz a demagogia e o culto do personalismo num país em que ter memória é meio passo andado para se ser rotulado com as parvoíces do costume.
Pelo que agora se ouve, o Fisco fica nas mãos de quem o conhece, o qual aliás o geriu na sombra e em quem se deposita a maior confiança na eficácia e eficiência, talvez por ¼ dos custos anteriores.
Paulo Macedo passa à História como um bom Director-Geral dos Impostos, tal como muitos outros que o antecederam e menos do que outros que lhe abriram os caminhos da glória neste País de basbaques.
Que fique na paz do BCP e Teixeira Pinto que se cuide, amém. LNTEtiquetas: Comunicação Social, Fisco, lnt, Memória, Religião, Vida
12:24:00 da tarde
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