sexta-feira, janeiro 27, 2006
[0.083/2006] Algumas reflexões Alegres (I) (entre muitas outras que depois da digestão poderei fazer)
Nada me obriga, mas apetece-me ser claro. Apoiei Manuel Alegre e colaborei activamente na sua campanha presidencial porque entendi que, de todos os candidatos apresentados, Manuel Alegre defendia com melhor definição aquilo que entendo ser melhor para Portugal. Isto para além de percursos políticos (dele e meu) cruzados em muitas outras batalhas. Apoiei Manuel Alegre porque entendo que Portugal merecia ter um político como ele na Presidência da República. Apoiei Manuel Alegre porque entendi que este homem era, de todos os que se apresentaram a votos, o que mais garantias dava de que os Direitos e Liberdades Constitucionais seriam positivamente respeitados não se limitando à defesa da mera formalidade. Apoiei Manuel Alegre a favor de Portugal e nunca contra ninguém. Disse-o inúmeras vezes. Mário Soares teria sido o meu candidato natural e teria o meu incondicional apoio, caso tivesse passado à segunda volta. Não o foi na primeira porque, em primeiro lugar, Alegre se candidatou (e prefiro Alegre a Soares) e em segundo porque entendi que Soares foi empurrado para um beco de desfecho previsível, uma maldade que nem ele nem a esquerda, mereciam. A candidatura de Mário Soares representou uma imposição absurda, inaceitável e ao arredio de toda a tradição democrática do Partido Socialista. Entendo que se a derrota de Soares foi para ele uma vitória, porque considero uma vitória ter tido a votação que teve apesar do absurdo da sua candidatura (contra tudo e todos), para quem congeminou esta estratégia, é um fracasso total. Alegre e a equipa que o apoiou (os ilustres que parecem enquistar em comité e os milhares de anónimos que continuam a sua vida de cidadãos), embora não tenham atingido os seus objectivos (elegê-lo Presidente da República), conseguiram dar um sinal positivo aos agentes políticos estabelecidos e demonstrar-lhes que existe uma noção de cidadania fortemente enraizada. Pelo que se vai lendo por aí, parece que a mensagem ainda não foi assimilada o que é grave para o próprio sistema político. Continua a linguagem desbragada de campanha, como se ela ainda estivesse em curso. Não será com malandrices ou criancices, como as que se verificaram na noite eleitoral, que se melhorará a qualidade dos nossos agentes políticos e a da democracia. Terminado este processo e com o tempo necessário para a sua assimilação tenho esperança que se entenda que estamos no Século XXI e que as tácticas e técnicas do carneirismo amestrado passaram à história. Entendam que os eleitores são cidadãos-eleitores, que estão acordados e não deixarão de mostrar o descontentamento de serem preteridos nas soluções, não na forma passiva do voto Saramago (a inutilidade formal do voto branco), mas criando Redes, se necessário, para defesa da sua liberdade de opinião. À pergunta mil vezes feita do que fará Alegre ao um milhão, cento e vinte e cinco mil, e setenta e sete votos (ainda faltam os dos emigrantes) respondo com o resmungo de que não deverá fazer nada. Os votos, como Alegre sempre disse em campanha, não lhe pertencem. São propriedade de cada um dos cidadãos que nele votou. Empurrar Alegre para um gueto que o condicione será uma gravíssima adulteração do que se quis demonstrar. Para comités já basta assim. LNT Nota: Algumas reflexões Alegres (II) Algumas reflexões Alegres (III)
1:24:00 da tarde
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