quinta-feira, junho 07, 2007
[0.727/2007] Zapatero, a ETA e o PP
Caro Alexandre, Como te referi, nem sempre concordei com a postura de Zapatero em relação à ETA.
Em Fevereiro de 2006, escreveu-se por aqui: Quando li a manchete do El Pais no sábado passado pensei que a frase do Presidente do Governo espanhol - "A Eta está próximo do fim" - não teria grande sentido, pois ainda é cedo demais para estabelecer afirmações de que a ETA está a acabar. Pois bem, a organização basca demonstrou que não está próxima de terminar. No início da semana, a ETA faz explodir em Navarra uma bomba, ao mesmo tempo que decorria em Valência um seminário de vítimas do terrorismo. Penso que o Presidente do Governo espanhol está a querer acelerar o que não pode, nem deve, ser feito à pressa.
Em Março, de 2006, percebia-se melhor o porquê da leitura e afirmação peremptória de Zapatero no mês anterior:
Agora percebe-se as palavras do Primeiro-Ministro espanhol, quanto há sensivelmente um mês anunciava o fim da luta armada da ETA. O Governo de Madrid estabeleceu vários contactos com o de Londres, e também com o de Dublin, para encontrar uma ponte de diálogo com a banda terrorista etarra, conforme os homólogos encontraram com o IRA
Não obstante o optimismo reinante, em Junho de 2006, continuava-se a escrever por aqui:
Zapatero está a assumir uma linha política demasiado ousada.
O atentado perpetrado pela ETA, em Barajas, no final do ano passado, não podia indicar outro caminho a Zapatero que não fosse de lidar de outro modo com a ETA, conforme disse ao El Pais, em Janeiro deste ano:
Quien usa una pistola no es capaz de usar la palabra; quien usa una bomba es que es incapaz de someterse a un debate democrático, a un debate público. ETA sólo tiene un destino: el fin.
E, num gesto político pouco comum, como por exemplo o PP ainda não assumiu em Espanha, pedindo desculpas públicas pela mentira que quis criar com o 11 de Março, imputando à ETA o que foi hediondamente perpetrado pelo terrorismo que se assume com capa islâmica no mundo, Zapatero pediu desculpas quanto à forma como concebeu a relação com a ETA:
De modo correcto e frontal, assumiu o erro da leitura de 29 de Dezembro, depois do atentado do passado dia 30 de Dezembro, em Barajas, de que se estava mais próximo de alcançar a paz.
Em suma, o princípio de Paz no País Basco é um desiderato de qualquer governante espanhol e Zapatero assumiu este objectivo. Inicialmente, não o encarou de forma adequada, no meu entender, como o tempo se encarregou infelizmente de mostrar, mas, face ao erro, o Chefe do Governo espanhol emendou a mão e corrigiu a posição. Quanto ao maior partido da oposição, muito sinceramente, falta em credibilidade política ao PP aquilo que quer exigir ao PSOE. Fizessem os populares espanhóis uma contracção da sua postura desde 12 de Março de 2004 até hoje e a política espanhola estaria melhor. Assim, o PP só tem oferecido crispação e hostilidade. Como partido de poder requeria-se, pelo menos, responsabilidade. Que não tem assumido, como ainda esta semana se comprovou, não se associando ao apelo do Governo espanhol, na luta contra o terrorismo. Foi o único partido com assento parlamentar que tomou esta atitude. Como disse esta semana Zapatero: La sociedad española "no va a ceder a ninguna de las amenazas o los desafíos a los que se le quiera someter" CMCEtiquetas: Espanha, Política Internacional, Terrorismo
10:02:00 da manhã
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